segunda-feira, dezembro 18, 2006

sem mais


se eu morasse em frente à tua casa e observasse o quanto lutas corajosamente, mas sem esperanças contra a tua doença, e se falasse contigo às vezes, quando não conseguisses evitar-me, eu não ousaria dizer-te pessoalmente o que agora te vou dizer por escrito. tu não me deixarias dizê-lo, porque terias medo de mim. julgarias que também eu faço parte da conspiração mundial contra ti; ofender-te-ia por eu ter suspeitado da tua secreta agonia.
se nos encontrássemos, frente a frente, eu não acharia meio algum de te dizer o quanto gosto de ti. também não conseguiria dizer-te que não encontro nada de desprezível ou ridiculo em ti. sei que estás farta de ti, de dar a conhecer ao mundo alguém que não és e que nem sabes saber querer. farta de retroceder quando avanças uns ínfimos degraus na escalada da vida.
e é aqui, no meu recôndido canto, que paro a cabeça assim que a alma volta a doer, deixando a lembrança de que apenas querias ter aceite a vida como ela é. apenas isso.




Sem mais

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Cansa ser, sentir dói, pensar destruir.
Alheia a nós, em nós e fora,
rui a hora, e tudo nela rui.
Inutilmente a alma o chora."
Adorei o blog. És uma pessoa muito bonita ;)

sexta dez. 29, 09:00:00 da tarde WET  

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