quarta-feira, junho 21, 2006

"Flores ao pé das dores"


Apesar de escolher um título que faz parte da escrita de um amigo com quem não estou há já algum tempo, hoje escrevo do mais fundo de mim… De solidão.
Enquanto deixava que a música que passava no UPTOWN tomasse conta da tristeza que me abarcava, deixei umas linhas num caderno que me serve também de agenda:

“Falar de solidão vem sempre a propósito quando nos sentimos afastados do mundo… Quando uma pessoa não chega e duas parecem ser demais. Quando estás num sítio como o que eu estou agora e ao olhares em teu redor, percebes que todos estão enquadrados menos tu. Que te falta um pedaço… Um pedaço de ti.
Falar de solidão vem sempre a propósito aquando aqueles momentos em que o teu ser vira repentinamente a face e te mostra não apenas a melancolia mas a tristeza que a ela se alia e te prende, impedindo que sorrias com vontade e dês o que tanto anseias receber: o amor. Quando te abraçam e consegues sentir a pobreza daquele momento, quando te falam e vês que as palavras são traídas pelo olhar… Um olhar jamais esconde a verdade… Nunca mente.
Falar de solidão é bom quando alguém se dispõe a partilhá-lo contigo… Quando percebes, quando sentes que, para além de ti, há alguém que tem esse tortuoso caminho, não como opcional, mas como único. Que não tem pessoas, amigos, família… Que não tem ninguém.

Deixa o sangue sair para que o possas olhar, para que possas sentir o seu cheiro e sabor. Comprovas que existe e que é teu… que é das poucas coisas que tens como tuas e que o são efectivamente… Deixa as lágrimas correr, deixa-as escorrer ou então passa a mão no rosto e sente a húmida e salgada sensação que provocam. Também elas são tuas…
Encara o que te incomoda, sente-o como parte de ti que podes sempre mudar… Não mudas o sangue, não mudas as lágrimas, não mudas sequer as coisas que mais odeias ver em ti, mas podes sempre tentar agarrar o que sentes como bom… Podes sempre tentar…

Falar de solidão é bom… Faz com que não te sintas só…”

**Um abraço a todos os que já não vejo 'à uns dias'**
AnAndrade