quarta-feira, novembro 21, 2007

O primeiro dia de chuva

Uma noite bem dormida depois de um passeio pela baixa portuense onde o espirito natalicio envolve dezenas de pessoas que se vão aproximando daquela que dizem ser a maior árvore de natal da Europa.
Chego a casa tranquila - resultado de uma conversa com a Rita, que acredito poder vir a tornar-se numa grande amiga - mas cansada - resultado de um sábado à noite onde as preparações carnavalescas me fazem trocar a minha lareira pelo frio gélido da noite vareira e voltar a casa apenas às 7 da manhã!
O meu corpo pede descanso. A cabeça dá-lhe razão mas insiste em mais uns minutos em frente ao computador, afinal dormir é "perder tempo" e amanhã de manhã nada tenho para fazer. Ao fim de uns minutos que se transformaram em horas, cedo-lhe. Vou para a cama, ligo a música mas nem ouço o final da primeira. Fecho os olhos e... acordo no primeiro dia de chuva deste Inverno. Faço um esforço para sair do quentinho, afinal de contas preciso almoçar para ir conversar com aquela que tem sido a minha ouvinte desde Fevereiro. Parece incrível como a minha terapia está quase a fazer um ano e ainda me sinto com tantos medos que dificultam este desafio da procura da Ana...
A Ana que se perdeu, que passou a odiar-se e a fugir de tudo aquilo que a podia magoar. A Ana que ganhou um medo quase irreal das pessoas à sua volta. A Ana que trocou a vida pela morte e que procurava preencher vazios com tudo o que lhe era exterior e prejudicial.
Cada vez que olho para as minhas cicatrizes vejo, em cada uma delas, reflectida a dor, o desespero e o vazio construidos por mim e pela extrema necessidade em ser aceite pelos outros. Não lamento. Esta é a minha vida; não a que escolhi mas a que vivi, aquela que me predispus a viver, e é esta a vida que me tornou na pessoa que hoje sou e que, não agradando a todos, me começa a agradar a mim.
Não sou nem mais nem melhor que do que qualquer outra pessoa que se cruze comigo, sou apenas diferente e sei que tenho dentro de mim uma gigantesca quantidade de amor para dar. :)
Fico espantanda com algumas das minhas transformações! Por vezes reconheço-me (ah, as saudades que tinha em seu eu!), outras vezes há em que me consigo surpreender e adoro o sentimento que isso me provoca!
Sou bonita! =) Acreditam que nunca o tinha visto?! E ser bonita não é ser convencida, é apenas ser como todas as pessoas que existem no universo... Não há pessoas feias, apenas umas se cuidam mais que outras!!
E pronto... Faço por acreditar, todos os dias, que sou feliz - o resto vem por acréscimo!!!

«TODOS TEMOS DENTRO DE NÓS O CAOS E A ORDEM, A CRIAÇÃO E A DESTRUIÇÃO.
TODOS SOMOS, AO MESMO TEMPO, VÍTIMAS E RESPONSÁVEIS DA NOSSA PRÓPRIA VIDA. PARA O BOM E PARA O MAL, TODOS OS CAMINHOS DO IMPOSSÍVEL ESTÃO ABERTOS AOS PASSOS DO REAL. MAS NEM TODOS SOMOS TÃO SÁBIOS QUE OS COMPREENDEMOS, NEM TÃO AUDAZES QUE TRACEMOS O ITINERÀRIO.»
(Lucia Etxebarría
in, beatriz e os corpos celestes)

quinta-feira, novembro 15, 2007

...porque adorei...

sábado, novembro 03, 2007








"Não posso deixar de sentir-te na memória das mãos"





Dedicado a ti, que jamais esquecerei, por teres sido único,
verdadeiro e aquele que amei,
que amei apenas.

A estranha em mim

coisas que dão que pensar!
todos temos um estranho dentro de nós. um estranho com a nossa cara... os nossos olhos, o nosso nariz, o nosso cabelo, a nossa boca...
em mim, não apenas uma estranha que admiro como também uma que odeio, por vezes tanto que volto a querer matá-la. é a explicação que procuro e que encontro quando as consequencias dos seus actos se fazem sentir e me magoam até ao mais fundo de mim.
vencê-la preferencialmente. ignorá-la se só assim o conseguir. mas ouvi-la, atenta, focada e consciente das palavras, do poder que emergem quando ganham vida e invadem pensamentos até ali sãos e sem qualquer discrepância.
vacilar, morrer.
agir, viver.
sonhar, permanecer.
todos temos um estranho dentro de nós sim.um estranho que incomoda, que preocupa e massacra a alma, um estranho que se apodera quando a fragilidade está aliada ao medo. quando esse medo paraliza o nosso corpo, o nosso estado, a nossa vontade, o nosso ser.
desconheço a estranha em mim, desconheço-a por ser isso mesmo: uma estranha que me tira a razão com actos, que me rouba a serenidade da pessoa que fui e que não mais voltarei a ser. uma estranha que quando conhecer, compreender e aceitar me dará a vida, a vida que sempre quis.


(inspirado no filme: The Brave One - que aconselho a quem ainda não viu :)