"A saudade andou comigo,
E, através do som da minha voz,
No seu fado mais antigo
Fez mil versos a falar de nós.
Troçou de mim à vontade,
Sem ouvir sequer os meus lamentos.
E por capricho ou maldade,
Correu comigo a cidade
Até há poucos momentos.
Já me deixou, foi-se logo embora
A saudade a quem chamei "maldita".
Já nos meus olhos não chora,
Já nos meus sonhos não grita.
Já me deixou, foi-se logo embora.
Minha tristeza chegou ao fim.
Já me deixou mesmo agora,
Saiu pela porta fora
Ao ver-te voltar para mim.
Nem sempre a saudade é triste...
Nem sempre a saudade é pranto e dor.
Se em paga a saudade existe,
A saudade não dói tanto, amor.
Mas enquanto tu não vinhas
Foi tão grande o sofrimento meu
Pois não sabia que tinhas,
Em paga às saudades minhas,
Mais saudades do que eu.
Já me deixou, foi-se logo embora
A saudade a quem chamei "maldita".
Já nos meus olhos não chora,
Já nos meus sonhos não grita.
Já me deixou, foi-se logo embora,
Minha tristeza chegou ao fim.
Já me deixou mesmo agora,
Saiu pela porta fora
Ao ver-te voltar para mim."
(Letra de Artur Ribeiro)