Vou chamar-lhe Pilar; não que tenha algum significado especial mas apenas por ser o que está escrito no placard negro que tenho à minha frente... Soa-me bem para um nome fícticio!
Conheci-a à 4 anos, no meu primeiro de faculdade, e desde à 3 que nos tornamos, não inseparáveis mas muito amigas.
A Pilar tem um sorriso contagiante e bonito. Ela é bonita! Mas aquele sorriso muitas das vezes soa a falso. Digo-o não no sentido prejurativo mas porque lhe sinto tristeza e angustia...
Como já cá postei uma vez, e apesar das palavras não terem sido (todas) minhas, nem sempre a tristeza é má... Pode fazer parte d momentos necessários e dos quais tiramos até proveito.
São muitas as vezes em que sinto necessidade de tristeza e onde nela vou buscar a coragem para exteriorizar sentimentos reprimidos. Uma tristeza pura e melancólica que faz parte de mim.
Na Pilar vejo a tristeza do luto! Luto pelo que à muito (penso) já ter perdido... O luto por si... Não só, mas principalmente por si...
Quando nos entregamos a alguém, de alma e coração, inconscientemente acabamos por exigir uma certa reciprocidade.
Amar é dar sem limites, dar sem esperar nada em troca, mas penso que não há quem negue que uma relação entre duas pessoas jamais sobrevirá enquanto apenas uma dessas pessoas investir na mesma. Talvez seja aqui a altura ideal para questionar: Será isto o amor??
Eu própria passei pela angustia, pela dor de ter de aceitar que a minha relação tinha chegado ao fim... Para mim não fazia sentido, afinal eu amava-o demais... Eu dava tudo para que a nossa relação estivesse bem, para que ele estivesse feliz... Amor, compreensão, carinho, ternura, sexo...
Hoje sei que cresci com este fim. Sei que o sofrimento que muitas das vezes ainda se manifesta pela mesma razão (se bem que de forma diferente) foi necessário no meu crescimento como pessoa e na (re)construção da minha auto-estima.
Basicamente, o que quero transmitir à Pilar (e, eventualmente, a todas as pessoas que lerem este post e que se possam encontrar na mesma situação) é que já diz o velho ditado que "mais vale só do que mal acompanhado", logo às vezes a decisão de estar sozinha pode ser a mais plausível e benéfica.
Na altura em que a minha depressão foi diagnosticada, uma grande amiga teve a feliz ideia de me oferecer um livro intitulado Mulheres que amam demais com o qual muito me identifiquei.
Nós, mulheres que amamos demais, temos um terrivel medo de ficarmos sozinhas pois somos extremamente inseguras... Tal como eu, também tu, Pilar, és uma dessas mulheres, não fossem as infinitas vezes com que te identificaste...
E então?!? Tens tantas qualidades, defeitos, mas tanto amor para dar aos que te rodeiam que gostaria que enfrentasses esse teu medo e permitisses a ti própria a felicidade de encontrar o amor!
... Olha pra mim ... Estou sozinha à 7 anos. Não me sinto feliz por isso, claro, mas tenho hoje a noção que só com o fim tive a oportunidade de viver, de conhecer e, aos pouquinhos, de recuperar o de mais valioso que tenho em mim: o amor.
É um processo longo e doloroso, uma escalada carregada de altos e baixos (e estes são sempre terrivelmente terriveis) mas o fim de uma coisa poderá (e dará, certamente) inicio a outra que só será pior se tu deixares.
Coragem amiga! Para qualquer decisão que tomes estarei sempre ao teu lado e ajudar-te-ei sempre na busca desse maravilhoso, mas verdadeiro, sorriso!
Já agora, e como diz um amigo meu, vale a pena pensar nisto!!...
(Estive a reler o que escrevi e muito mais havia para falar acerca do assunto... Talvez numa próxima ocasião!)
AnAndrade